O ministério da saúde mental adverte: poesia mal escrita faz mal à alma!

Você acha que é poeta. Acha que está inspirado e que vai escrever um belíssimo poema de amor. Respire fundo. Respirou? Muito bem. A vontade de escrever um poema ainda não passou? O caso parece grave...

(Geralmente um minuto de reflexão é o bastante para a pessoa cair em si e perceber o papel ridículo que está prestes a fazer)

Vamos tentar outra tática: pense em todos os grandes poetas que escreveram belíssimos poemas de amor.

Lembrou de alguns geniais, não foi?

Você realmente acha que chega aos pés de algum deles?

É melhor não escrever, não é mesmo?

A gente entende que você se sinta feliz, mas isso não é motivo suficiente para “cometer” um poema. Pense que o resto da humanidade não tem culpa do seu estado de espírito. (E, lixo por lixo, já tem muita porcaria escrita – e publicada, diga-se).

Lembre-se do mestre Drummond, que ensinou:

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

(Carlos Drummond de Andrade. Procura da poesia.

O poema completo pode ser lido aqui.)

Então vamos combinar assim: todas as vezes que você sentir a inspiração “baixar”, siga os passos acima, recupere um mínimo de auto-crítica e evite despejar, nem que seja somente na internet, amontoados de clichês de baixa qualidade combinados com imagens realmente toscas.

Ao fim de tudo, você pode ficar feliz e saber que, porque NÃO escreveu mais um poema ruim, fez um grande bem à humanidade.

Nós, leitores, agradecemos a gentileza.

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