Será que sou a única que não agüenta mais entrar em uma livraria e, na seção de lançamentos e novidades, encontrar livros e mais livros sobre Cabul?
Atualmente, em qualquer boa livraria brasileira, os seguintes títulos podem ser facilmente encontrados:
As mulheres de Cabul, de Harriet Logan. Geração Editorial, 2006.
As andorinhas de Cabul, de Yasmina Khadra. SA Literatura, 2007.
O livreiro de Cabul, de Asne Seierstad. Record, 2006.
Eu sou o livreiro de Cabul, de Shah Muhammad Rais. Bertrand Brasil, 2007.
O salão de beleza de Cabul, de Deborah Rodriguez. Campus, 2007.
A escola de beleza de Cabul, de Deborah Rodriguez. Guerra e Paz, 2007.
Cabul no inverno, de Ann Jones. Novo Conceito, 2006.
Qual a explicação por trás dessa profusão de livros sobre a capital do Afeganistão? O interesse despertado pela invasão americana ao Afeganistão, é claro!
O que me incomoda, em tudo isso, é a sensação de que o povo afegão só adquiriu algum interesse para os leitores comuns quando a guerra começou. E, pelo título dos livros, pode-se perceber que o quadro mais geral do país não é o que chama a atenção (pelo menos não é o que parece ter chances de sucesso no mercado literário). Será que, depois de ler As mulheres de Cabul ou O salão de beleza de Cabul, esses leitores estarão menos ignorantes em relação a situação dos afegãos? Ou verão esse povo como ainda mais ignorante do que já imaginavam?
E a guerrinha particular entre o verdadeiro livreiro de Cabul e a escritora norueguesa que fez sucesso no mundo inteiro contando a história desse homem supostamente ilustrado e que, no entanto, resolve adquirir mais uma esposa porque a sua está envelhecendo? (Confesso que só li alguns capítulos do livro da Asne Seierstad, mas logo me enchi com a tradução e abandonei o texto). Tenham a santa paciência!!!
Daqui a pouco podemos esperar os títulos: Cabul no verão, Cabul no outono, Cabul na primavera, O barbeiro de Cabul (esse, coitado, definitivamente mereceria um livro que desse conta de como sobrevive em um país onde os homens mantêm seus cabelos e barbas longos e sem corte... Aliás, será que existem barbeiros em Cabul? Atênchion pipou: olha a lacuna no mercado!!!)...
Tenho sérias dúvidas sobre a utilidade disso tudo.
P.S. - O cartum é de autoria do Sergei e veio daqui.
3 comentários:
Um saco essa "Cabulzice" MESMO! Eu , heim.. ainda se Cabul fosse alguma coisa a se admirar. Ora tenham a santa paciência!
Daqui a pouco veremos os títulos :
"O Senado Brasileiro e Cabul",
"ESTEPAÍS e Cabul", "Os piolhos de Cabul", " O cabul de CABUL"....
Que tal começar a explorar um novo filão ? Quem sabe os Esquimós ???
Mais do mesmo, sempre mais do mesmo...
Essa invasão de Cabul em nossas livrarias mostra a falta de criatividade do povo. Tudo começou com o Kite Runner e, este sim, fez sucesso graças a seus méritos.
Depois veio a banalidade.
Gostei mesmo do desabafo, Flower!!! Como diz a Coca, não dá mesmo pra agüentar tanta cabulzice... E você sabe como isso me irrita, foram já muitas as vezes em que, na FNAC, eu reclamei desses livros que abarrotam as prateleiras... OML!
Mas o pior, mesmo, é que tem gente ganhando muito dinheiro às custas de Cabul, e nada disso retorna para o povo afegão, tenho certeza...
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