Por vezes apenas com a ajuda dos poetas conseguimos expressar alguns dos sentimentos que experimentamos quando nos encontramos em algum lugar muuuuuito especial... A foto foi feita nos chamados "campos de altitude", na Serra da Mantiqueira, região de Itatiaia (Parque nacional das Agulhas Negras). E o poema é de Shophia de Mello Brenner Andresen, portuguesa, que se pode conhecer melhor aqui.
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
4 comentários:
Se alguém quiser saber o que é poesia, Sophia de Mello B. Andresen ensina:
"Quando recebeu o Prémio Camões, revelou que foi numa viagem de autocarro que intuiu a natureza do mistério da poesia, ao reparar que a janela através da qual olhava coincidia por vezes com as janelas das casas. 'Pensei que talvez fosse isso: as palavras às vezes coincidiam com os seus significados, e depois deixam de coincidir, e voltam a coincidir outra vez', disse.
É preciso dizer mais alguma coisa???
Nossa, Flower, que definição massa de poesia.... Só mesmo a Diva Sophia pra ter uma imagem inspirada assim, que diz tudo!
Nossa... Realmente ela foi na mosca. É isso mesmo. Só esqueceu de dizer que há a necessidade de se saber fazer a mágica das coincidências. Para os que sabem fazer poesia, como ela, as palavras são condescendentes e coincidem "amiúde"... já para o mar do que se auto intitula "poeta" e que grassa à nossa volta, as palavras são rebeldes e sábias, teimam em não coincidir!
Mami:
Nessa arte das coincidências, os campos de altitude nasceram para serem por Sophia significados !!!
Lindo !!
Bjs, lucinha
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