segunda-feira, 14 de abril de 2008

No guts, no glory!!!!!


Taí, gostei muito desse texto do Drauzio Varella, publicado na Ilustrada da Folha de S. Paulo, no último sábado (12.04). É preciso mesmo muuuuuuita disciplina pra gente se obrigar a levantar da cama cedíssimo (meu caso e o de tantas pessoas disciplinadas que conheço...) para ir andar, correr, nadar, etc, etc, etc, condição absolutamente necessária para garantir que o nosso coração se comporte direitinho, rsrsrs... É isso aí, gostar MESSSSSSSMO de pular cedinho da cama ninguém gosta, o prazer vem é depois do esforço feito, da endorfina produzida, da sensação de dever cumprido... Aí, sim, a gente descansa em paz!

No sábado, por exemplo, fui fazer uma trilha na crista de uma serra belíssima, entre São Paulo e Minas. Com um grupo legal de colegas de yoga do Isvara e da Pisa Trekking, fui até o Pico do Lopo, esse lugar maravilhoso aí da foto acima (1750 metros). Chegar perto do pico é uma sensação indescritível, mas o percurso até lá...well..., exige, digamos assim, um certo esforçozinho, principalmente depois de chuvas. Aí a trilha, que é razoavelmente fácil, fica beeeem mais complicada (o grau de dificuldade sobe, de uma patinha para três patinhas... confiram as patinhas no site da Pisa). Muita lama e, como todo mundo sabe, a gente ES-COR-RE-GA na lama! Vai daí que, com skibunda grátis, todo mundo resolveu experimentar esse fabuloso esporte pelo menos uma vez, ao longo da trilha. Todo cuidado foi pouco, também, pra não se enforcar nos cipós...

Pípou, foi tudo de bom!!!! Fiz muitas fotos, várias do pico, outras da trilha e do grupo, muitas da vegetação de altitude... Só não conseguimos fazer foi a prática de yoga porque, quando nos preparávamos, começaram a cair os grossos pingos da chuva anunciando uma...tempestade, com trovões, raios, tudo a que se tem direito...
Na volta, pegamos chuva forte na trilha. Chegamos completamente molhados, mas absolutamente... felizes!

Reflitam, agora, sobre o que diz o Drauzio Varella, tem tudo a ver com esses meus comentários iniciais...


A preguiça humana

Se você é daqueles que esperam a visita da disposição física para fazer exercícios, desista

Mal desembarquei no aeroporto Santos Dumont, dei de cara com uma jibóia contorcida que avançava em passo de procissão. Era uma fila longa e grossa constituída por mulheres com trajes formais e homens de terno escuro, ejetados pelos aviões que aterrissavam no primeiro horário da manhã.
Usuário contumaz da ponte aérea que liga São Paulo ao Rio, jamais havia me deparado com aquela aglomeração ordeira.
Assim que a jibóia fez a curva, saí de lado para enxergar a origem do congestionamento. Não pude acreditar: a fila desembocava na boca da escada rolante. Ao lado dela, a escada comum, deserta como o Saara.
Imaginei que houvesse alguma razão para tanta espera, quem sabe a escada mecânica estivesse obstruída; mas, como não percebi nenhum obstáculo, caminhei em direção a ela. Não fosse a companhia de um rapaz de mochila nas costas, dois degraus à minha frente, eu teria descido no desamparo.
Se ainda fosse para subir a escada rolante, o esforço maior e a transpiração àquela hora da manhã talvez justificassem a falta de iniciativa. Os enfileirados, no entanto, berrando em seus celulares, em pleno vigor da atividade profissional, recusavam-se a movimentar as pernas mesmo para descer.
Se perguntássemos para aquele povo se a vida sedentária faz bem à saúde, todos responderiam que não. Pessoas instruídas estão cansadas de ler a respeito dos benefícios que a atividade física traz para o corpo humano: melhora as condições cardiorrespiratórias, reduz o risco de doenças cardiovasculares, reumatismo, diabetes, hipertensão arterial, câncer, degenerações neurológicas etc.
Por que, então, preferem aguardar pacientemente a descer um lance de degraus às custas das próprias pernas? Por uma razão simples: o exercício físico vai contra a natureza humana. Que outra explicação existiria para o fato de o sedentarismo ser praticamente universal entre os que conseguem ganhar a vida no conforto das cadeiras?
A preguiça para movimentar o esqueleto não é privilégio de nossa espécie: nenhum animal adulto gasta energia à toa. No zoológico, leitor, você jamais encontrará uma onça dando um pique aeróbico, um gorila levantando peso, uma girafa galopando para melhorar a forma física. A escassez milenar de alimentos na natureza fez com que os animais adotassem a estratégia de reduzir o desperdício energético ao mínimo.
A necessidade de poupar energia moldou o metabolismo de nossa espécie de maneira tal que toda caloria ingerida em excesso será armazenada sob a forma de gordura, defesa do organismo para enfrentar as agruras dos dias de jejuns prolongados que porventura possam ocorrer.
Por causa dessas limitações biológicas, se você é daquelas pessoas que esperam a visita da disposição física para começar a fazer exercícios com regularidade, desista. Ela jamais virá. Disposição para sair da cama todos os dias, calçar o tênis e andar até o suor escorrer pelo rosto nenhum mortal tem.
Encare a atividade física com disciplina militar ou esqueça-se dela. Na base do "quando der, eu faço", nunca dará. Falo por experiência própria. Sou corredor de distâncias longas há muitos anos. Às seis da manhã, chego no parque, abro a porta do carro e saio correndo. Não faço alongamento antes, como deveria, porque, se ficar parado, esticando os músculos, volto para a cama. Durante todo o percurso do primeiro quilômetro, meu cérebro é refém de um pensamento recorrente: não há o que justifique um homem passar por esse suplício.
Daí em diante, as endorfinas liberadas na corrente sangüínea tornam o sofrimento mais suportável. Mas o exercício só fica bom, de fato, quando termina. Que sensação de paz e tranqüilidade! Que prazer traz a certeza de que posso passar o resto do dia sentado, sem o menor sentimento de culpa.
Se eu perguntasse às pessoas daquela fila por que razão levam vidas sedentárias, todas apresentariam justificativas convincentes: excesso de trabalho, filhos que precisam ir para a escola, obrigações familiares, trânsito, falta de dinheiro, violência urbana.

No passado, diante desses argumentos, eu ficava condoído e me calava. Os anos de profissão mudaram minha atitude, entretanto: escuto as explicações em silêncio, mas não me comovo com elas. O coração vira uma pedra de gelo. NO final, quando meu interlocutor pergunta como poderia encontrar tempo para atividade física regular, respondo:

"Isso é problema seu."

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2 comentários:

meme disse...

Excelente o texto de Drauzio Varella. É isso mesmo: no pain, no gain. E parabéns por conseguir sair da cama cedo sabendo que o skibunda vem aí...hehe! (Eu, indisciplinada ainda, prefiro dormir até tarde e suar o corpo no fim do dia...mas também funciona!).

Unknown disse...

É isso ai mesmo!
O Dráulio tá certíssimo. Há uma diferença entre quem faz e quem não faz e é a atitude.
Falta de tempo é uma desculpa cretiníssima. EU ouço e me calo, vou fazendo como o Dráulio e penso, bem...f*da-se depois!