terça-feira, 15 de abril de 2008

"Time it was, / And what a time it was, / It was..."

De vez em quando a gente começa a tropeçar em lembranças do passado. Isso tem acontecido muito comigo nos últimos dias. Começou na última quarta-feira quando fui conhecer a Livraria Cultura, que inaugurou sua loja em Campinas, e o primeiro livro que eu parei para olhar foi uma edição crítica do Le Morte D'Arthur, de Sir Thomas Malory. Esse foi um dos livros que analisei na minha tese de mestrado sobre refacções da novela arturiana no século XIX.
Uma coleção de livrinhos elegantes me chamou a atenção, logo em seguida. Quem era o autor que estava bem na minha frente? Sir Alfred Tennyson, um importantíssimo poeta vitoriano que escreveu os Idylls of the King. Preciso dizer que o rei, do poema, é Arthur e que o texto em que Tennyson se baseou para compor seus versos foi o de Malory? Pois é. A coisa fica ainda melhor, porque Tennyson foi justamente um dos autores do século XIX cuja proposta de releitura da obra de Malory eu analisei.
Achei melhor mudar de rumo na livraria, porque, no ritmo em que iam as coisas, o terceiro livro a me chamar a atenção só poderia ser o do terceiro autor com quem trabalhei: Mark Twain (ele escreveu o divertidíssimo A Conecticut Yankee at King Arthur's Court, também a partir do texto de Malory).
Paixão é sempre uma coisa muito perigosa. As tentações da paixão, então, são muitas vezes incontroláveis. Naquele dia, tentei me convencer de que eu não precisava de mais um exemplar do Malory. E que já tinha todos os poemas do Tennyson que estavam compilados naquele belíssimo livrinho. Deu empate entre o coração e o cérebro: comprei o Tennyson e resisti ao Malory. Mas continuo tentadíssima a voltar na loja e trazê-lo para junto das outras edições da mesma obra que eu já tenho em casa...

[O quadro que ilustra este post é de autoria do pintor pré-rafaelita Edward Burne-Jones e foi intitulado The last sleep of Arthur]

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