segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Não é possível!!!

Nos últimos dois meses a minha vida tem sido um pesadelo constante em função da revisão. Se não é pouca coisa rever os originais de um livro (normalmente os meus livros didáticos têm em torno de 600 páginas), rever os originais de 3 volumes é um sofrimento. Cada volume tem cerca de 500 páginas.
Entre idas e vindas, normalmente chegamos a 3 ou 4 provas antes de garantir que a maior parte das coisas foi para o lugar.
Digo a maior parte, porque é IMPOSSÍVEL evitar que passem erros pela revisão. Isso quando a própria revisão (não a feita por mim, fique muito claro) não insere erros no material. Sim, pípou, isso também acontece.
No meio desse caos, aceitei o convite para escrever um artigo para a revista Carta na escola. Era para falar sobre blogs como ferramentas pedagógicas e, como sou sempre a favor da modernização da sala de aula, topei. Depois me arrependi amargamente, porque a revisão da minha seriada atrasou e, aí, o tempo ficou minúsculo. Mas, mesmo assim, cumpri o prazo negociado e mandei o artigo. Hoje recebi a revista pelo correio.



Abri, consultei o índice e encontrei o meu texto.



Já estava tomando coragem para reler o que escrevi (quase sempre não acho bons meus textos, mas isso tem a ver com uma autocrítica maior do que o mundo...), quando bati os olhos no crédito e percebi a ironia do destino:


ABURRE? Ah, não! "Aburre" é demais. Um errinho no meio do texto ainda vai, porque isso acontece. Mas logo no meu sobrenome? Maria Luiza deve ter milhões por aí. Maria Luiza ABAURRE espero ser somente eu. Agora, nem mais isso a revisão me garante: atribuição correta de autoria.
Tenho certeza de que esse erro só pode ter sido praga de uma revisora que perseguia as minhas orações subordinadas reduzidas de infinitivo (desenvolvia todas!!!!) na seriada e de quem eu reclamei muito. Praga na certa. Não há outra explicação...
Se eu fosse Poliana, diria ser preferível ter saído "Aburre" do que "Aburra". Mas, quem me conhece, sabe que não sou dada a esse tipo de consolo fácil. Fica, então, registrado o desabafo de uma Diva indignada com as brincadeiras de Murphy.


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6 comentários:

Unknown disse...

Ichi! Que pragas!!!

Mas vou te contar. Comigo "aburre" também é comuníssimo. Não sei porque raios as pessoas conseguem confundir o som AAAAuuuuu e por só o UUUU...

Só a nossa irmã diva foneticista prá explicar esses meandros...
E a gente tem acesso ao seu texto via internet ???

Flower Nakamura, ME disse...

Infelizmente o meu texto não está disponível. A Carta na escola até deixa alguns textos abertos, em cada uma das edições, mas nunca os que trazem propostas de atividade (caso do meu). A idéia, evidentemente, é levar o professor interessado a comprar ou assinar a revista.
Quanto ao nosso nome, o problema é que as pessoas não aceitam a possibilidade de ele ser lido exatamente como está escrito. Aí, inventam todo tipo de moda. O mais freqüente é tentarem um sotaque francês.
Nesse caso, porém, foi cochilo da revisão, porque estava certinho no meu arquivo.

Unknown disse...

Pois é.. custa ter dado um simples cut&paste ??? Em nome de gente é o que se deveria fazer... Essa tentativa de afrancesar nosso nome é realmente engraçada!

Aha... quer dizer que o seu texto é dos pagos? Obviamente deve ser um dos melhores lá da revista.

filomena disse...

Já que a Bernadete não veio ao socorro fonológico aqui, apareço eu. Creio que o fenômeno ocorre porque no português não há ditongos seguidos por dois erres. Apenas o erre fraco ocorre nesta situação. Tem até um texto de Harris que fala que abaurre é a única palavra que viola esta regra do português. Assim, diante de tal palavra surpreendente, os falantes corrigem a violação de alguma maneira. Não consola, mas explica cientificamente. :)

Unknown disse...

Sabe o que explica bem? A maneira de como é calculado o salário dos revisores... Prá mim devia ser assim: parte-se de um salário cheio e vai-se descontando pelo percentual de erros que o dito realizou nos trabalhos do mês... Garanto que MUITOS erros não seriam cometidos. Aliás um ponderação de palavras revistas x % de erros cometidos me parece sob medida para a remuneração da categoria...

Berná disse...

I know exactly how you feel, sis!!! E sou solidária! Já virei "Aburre" vária vezes, oralmente e por escrito... É uma sensação meio estranha, rsrsrs... Mas nada desculpa esses cochilos dos revisores!
Obrigada, Filomena, por ter dado a explicação fonológica(só um detalhe: foi o Mascaró e não o Harris que usou o exemplo do nosso sobrenome, mas isso só impota pra nós, certo?). É isso aí, meninas, somos uma combinação fonológica realmente única, no português...