sexta-feira, 2 de maio de 2008

Valei-me, Galileu!!!

Pelo silêncio absoluto do Blog, nesta semana, vocês podem medir o que foi a quantidade de trabalho que desabou (literalmente) sobre a minha cabeça. Como se não bastassem os 12 capítulos a serem finalizados até o dia 30 (não, não ficaram prontos, porque eu dependo do trabalho de outras pessoas e uma delas atrasa sistematicamente...), no dia 28 uma das editorias para as quais escrevo me enviou 4 capítulos editados que precisavam ser liberados para o dia seguinte.
Maravilha! Como eu tinha mesmo muito pouca coisa a fazer, vamos atacar a emergência. Não tenho palavras para expressar o meu espanto (e pavor) ao deparar com sugestões de alteração no meu texto que produziam pérolas conceituais como a que segue:

Classicismo é a denominação da tendência artística que revitalizou a tradição clássica de afirmar a centralidade do ser humano em relação ao universo.

Gostaram? Ficou bonito, não é mesmo?
Alguém aí ja ouviu falar da "centralidade do ser humano em relação ao universo"? Além da redação ser totalmente infeliz, a referência histórica foi para o espaço. Porque, até onde alcança a minha "inguinorãnça", não ocorria a ninguém, no século XVI, discutir a "centralidade" de nada em relação ao universo, muito menos do "serumano".

Nunca é demais lembrar que o pobre Galileu só formulou sua teoria heliocêntrica por volta de 1613 (século XVII, portanto). E vejam só o que aconteceu com ele por causa disso.
Mas o editor certamente sabe mais do que eu, certo? Afinal de contas, como é que se poderia aceitar algo como "Classicismo é a denominação da tendência artística que revitalizou a tradição clássica de afirmar a superioridade humana"
. (Super banal, não é mesmo? Dava para ficar tão mais chique. E eu reclamando...)
De superioridade humana à "centralidade do ser humano em relação ao universo" é um pulinho. Temos, inclusive, o famoso Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci que, na perspectiva do autor da pérola acima, demonstra exatamente isso. Tá lá aquele homem, peladão, bem no meio de uma bolota que só pode representar o Universo. Certeza!!!


Sinceramente... eu acho que, se as pessoas não têm nada melhor a fazer da vida, não cometer esse tipo de atrocidade já é um lucro tremendo.
Peço perdão pela ausência (espero que nossos Mean Readers não nos abandonem), mas não está sendo fácil fazer o meu trabalho e corrigir todas as porcarias que algumas pessoas dotadas de quatro patas inserem nos meus originais.

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3 comentários:

Berná disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Berná disse...

Putz, Flower! Essa sua batalha contra as asnices do pessoal que mete as patinhas nos seus textos merecia mesmo um post!
Adorei as considerações sobre o possível significado do Homem Vitruviano do Leonardo...
É isso aí, toda meanice é pouca com a ignorância que nos cerca!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Unknown disse...

Eu heim.. mas só faltava essa. Alguém EDITANDO os textos de FLOWER NAKAMURA???
Onde andamos nós??? Por certo perderam o senso, e eu vos direi no entanto que vão catar lata prá reciclar!

Ignore, jogue no lixo. Economize o seu tempo, nem sequer mais leia as sugestões do gênero...