quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma ideia interessante

Tropecei, por acaso, em um blog que me pareceu muito interessante. Como hoje é o dia das “dicas”, resolvi compartilhar a descoberta com os nossos Mean Readers.

O Post-It notes left to their fate on public places faz exatamente o que diz o nome: deixa lembretes importantes (de comportamentos essenciais que supostamente esquecemos) em lugares públicos.

Never underestimate your own power Post it_Singapura

O autor (ou autora, não descobri) fotografa o post-it e, depois, posta o resultado no blog, juntamente com o original. Funciona assim. Simples, mas bem criativo.

P.S. – O post-it acima foi deixado em Hill Street, Singapura.

Sphere: Related Content

Divertido

Eu sempre gostei de arte, embora não entenda muito do assunto e seja incapaz de desenhar (até mesmo com tracinhos!). Hoje, lendo o blog da Rosana Hermann, tropecei numa imagem curiosa: um porco desenhado conforme o estilo do Picasso cubista. Nome da obra: Pablo Pigasso.

Como ela indicava o link (para os curiosos, clicar aqui), fui conferir as outras obras criadas segundo o estilo de pintores famosos. Gostei de todos, mas o que mais me encantou foi o Joan Miroach.

Joan Miroach

Estilo é algo meio difícil de ser definido de modo preciso, mas perfeitamente identificável quando se tem alguma familiaridade com um autor específico. É o caso. Quem conhece a obra de Miró não tem a menor dificuldade em reconhecer, no desenho acima, a marca do mestre.

Gostei!

Sphere: Related Content

terça-feira, 29 de setembro de 2009

10 anos de cadeia é pouco!!!

Juro que há momentos em que eu fico completamente bestificada diante da burrice e da arrogância humanas. Acabo de ler a notícia abaixo, no G1. Só tenho uma pergunta a fazer: se o papai era um homeopata tão competente, como é que não se deu conta do que estava acontecendo com a própria filha???

Esse casal merece é arder no fogo do inferno!

 

O casal Thomas e Manju Sam foi preso em Sydney, na Austrália, por ter deixado sua filha Gloria, de 9 meses e meio, morrer de septicemia e desnutrição, consequências de um severo caso de eczema.

O casal foi condenado por homicídio culposo. A pena combinada dos dois chega a um mínimo de 10 anos de prisão, sendo que o pai deve cumprir pelo menos seis anos e a mãe deve cumprir pelo menos quatro.

Thomas Sam, de 42 anos, e Manju Sam, de 37, se recusaram a buscar ajuda médica durante os quatro meses e meio em que a criança esteve doente, preferindo tratá-la com homeopatia.

Sam é médico homeopata e tratou a filha sozinho, até que ela desenvolveu uma úlcera no olho esquerdo e foi levada a um hospital, dois dias antes de morrer.

O juiz Peter Johnson, da Suprema Corte de Nova Gales do Sul, disse que a bebê sofreu desnecessariamente por causa de uma condição que é tratável.

Quando morreu, Gloria pesava apenas dois quilos a mais do que quando nasceu, e seu cabelo, que era preto, havia se tornado branco. Sua pele estava coberta de feridas e ela sofria de uma infecção.

Segundo a imprensa australiana, especialistas afirmam que, se Gloria tivesse sido levada ao hospital alguns dias antes, ela teria sobrevivido.

Segundo o juiz, o sofrimento do bebê seria óbvio para os pais e Thomas Sam demonstrou "uma atitude arrogante em relação ao que ele via como benefícios superiores da homeopatia em comparação com a medicina tradicional".

A mãe, que cedeu ao marido, "falhou com a criança em seu dever mais importante, com resultados fatais", disse o juiz.

Gloria morreu em maio de 2002, e, desde então, o casal teve outro filho, que também sofreu de eczema, segundo a imprensa australiana.

Sphere: Related Content

domingo, 27 de setembro de 2009

Um pedacinho do paraíso

Quando os Orcs não invadem a praia com seus carros barulhentos (já se fazem ouvir neste momento), a rede da varanda da frente é, para mim, uma das concretizações do paraíso.

Um livro, uma almofadinha para acolher confortavelmente a cabeça, óculos escuros para evitar o excesso de luminosidade… pronto! Não preciso de muito mais do que isso para ter um dia verdadeiramente feliz.

Rede da varanda

Sphere: Related Content

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Can we still hope for a better education for all???



Sometimes we stumble upon a nice piece of news and we feel there is still hope for education.
This is what I felt reading the New York Times today:

CAPE TOWN, South Africa — Thousands of children marched to City Hall this week in sensible black shoes, a stream of boys and girls from township schools across this seaside city that extended for blocks, passing in a blur of pleated skirts, blazers and rep ties. Their polite demand: Give us libraries and librarians.

“We want more information and knowledge,” said a ninth grader, Abongile Ndesi.

Check
here, for the whole text.

Young people rulez!!!

Sphere: Related Content

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Nem na ficção...



Gostei do texto do Ricardo Noblat sobre os aspectos surreais da presença do Zelaya na embaixada do Brasil em Honduras (
aqui).

Nunca antes na história da diplomacia mundial...


Mas eu me diverti mesmo foi com o final do post:


"Se viva estivesse a avó do escritor colombiano Gabriel García Marquez, ele certamente a mataria por ter sido incapaz de lhe soprar com antecedência semelhante história."

(E essa fotinha aí, heim ???!!! Vale por um ensaio sobre a América Latina atual!
)

Sphere: Related Content

sábado, 19 de setembro de 2009

Coleções

Engraçada essa vocação que o ser humano tem para colecionar coisas. Eu, que já me confessei metódica aqui, deveria talvez ser uma adepta fervorosa das coleções, mas não sou.

Isso não significa que não acumule milhões de coisinhas diferentes, mas certamente não tenho paciência para organizar e catalogar nada.

Hoje, passando pela cozinha, acabei me dando conta de que temos aqui em casa uma grande coleção de imãs de geladeira. Na foto abaixo vocês podem ver que a porta do freezer já está lotada de imãs e eles se espalham pela porta da geladeira abaixo e continuam nas duas portas de outra geladeira que fica na nossa área de serviço.

Imas da geladeira

O problema é que, sempre que alguém viaja, chega um novo item para a coleção. E o legal dos imãs é justamente isso: ali, na porta da geladeira, eles funcionam como uma lembrança instantânea dos lugares por onde passamos. Nesse emaranhado aí em cima, por exeImã_Sherlock Holmesmplo, tem um que eu adoro (ele está logo abaixo das garrafinhas): uma plaquinha do endereço de Sherlock Holmes, que compramos em Londres.

Já atingimos a fase de ter novos imãs e não ter mais lugar para os colocar. Nem adianta vocês sugerirem um quadro de recados, porque não há, nas paredes da casa, lugar para colocar o quadro.

Fica, portanto, a pergunta: o que fazer com os imãs que não cabem mais na porta da geladeira?

Sphere: Related Content

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Murphy X método

No embate anunciado acima, quem vocês acham que vai sair vencedor? Murphy, é claro!

Nossos Mean Readers já tiveram vários indícios de que eu sou uma pessoa metódica. Se não me engano, alguma das Divas, certamente alguém beeeem mean, chegou a sugerir que sofro de TOC. Well, não é bem assim, mas sou bastante metódica para algumas coisas.

Eu não gosto de bebidas quentes. Quando acordo, portanto, não existe qualquer chance de eu tomar café. Ou vou de suco ou, como tem sido o caso nos últimos dias, de cereal com leite gelado. Atenção ao adjetivo: GELADO.

Quando chego à cozinha, coloco a quantidade certa de leite em um copo e ponho o copo no congelador, para ficar beeeeeeeeeeem gelado. O tempo precisa ser controlado, porque não é para deixar virar um picolé de leite (argh!).

Hoje, cheguei do Taquaral, coloquei meu leite no congelador e fui tomar banho. Tudo calculadinho, para, na saída do banho, o leite estar na temperatura adequada. Foi o que aconteceu.

Quando coloquei o cereal no leite, feliz por ter chegado a hora de tomar o meu café da manhã o que foi que aconteceu? Murphy resolveu estragar o meu dia. Tocou o telefone. Atendi. Era minha coautora precisando de orientações sobre como extrair páginas de um arquivo PDF.

Olhei, triste, para meu prato de cereal com leite, respirei fundo, e comecei a dar as instruções. Vinte minutos e algumas tentativas e erros (da parte dela) depois, desliguei o telefone. Tinha diante de mim um prato de cereal empapado Agnes_No no node leite, amolecido, um horror.

Ainda comi algumas colheradas, porque não ia passar pelo processo todo novamente. Mas me deu vontade de gritar de frustração. Juro que deu.

Agora, concedo a vitória a Murphy e vou me dedicar ao trabalho do dia, esperando que ele já se tenha dado por satisfeito e não resolva me espezinhar mais.

Sphere: Related Content

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Simpáticas, não???



Adorei essas peras-Buda. Vi a foto no portal do Terra, e logo lembrei de perguntar à Flower:

-Será que nossa genial secretária conseguiria uma meia-dúzia de perinhas-Buda pra mim no supermercado???

HAHAHAHAHA......


:-)


Sphere: Related Content

Conversa de maluco

Sexta-feira é dia de supermercado aqui em casa. Isso significa que será preciso estabelecer uma interlocução com a nossa secretária, que é a encarregada de fazer as compras.

Às vezes, o resultado dessa interação é um diálogo digno de figurar em qualquer antologia de hospício. Foi o que aconteceu hoje cedo. Vejam se eu não tenho razão:

Diva J.: Se tiver mexerica ponkan, traga 6.

Bethe: Eles não vendem ponkan no super. [Odeio essas reduções… super, refri... O-D-E-I-O!!!!!!!!!]

Diva J.: Como não vendem? Maria Luiza comprou 7 no domingo!

Bethe: Então é para trazer verde?

Acompanharam a sequência absurda? Primeiro a criatura diz que o “super” não vende uma fruta da estação que pode ser encontrada lá às baciadas. Confrontada com a realidade (eu comprei essa fruta no “super” quando estive lá domingo passado), pergunta se é para trazer verde.

Claro, traga uma dúzia de mexericas verdes. Todo mundo sabe que é assim que essa fruta deve ser comprada. Quanto mais verde, melhor!

Sinceramente, não conheço nada pior do que gente estúpida que se julga inteligente.  No caso da criatura em questão, a estupidez é agravada pela teimosia.

Lord have mercy!!!

Stupidity_Is a mortal disease

Sphere: Related Content

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Se não é pra lá...


Estive durante uma semana no Piauí, participando de um evento acadêmico. Relato para vocês uma historinha deliciosa...

LOCAL: litoral do Piauí, praia de Atalaia (Amarração), município de Luís Correia
HORA: 5:30 da manhã

CENA: participantes de evento acadêmico na Universidade Federal do Piauí e alguns familiares (7 pessoas)

MOTIVO DA VIAGEM: passeio ao Delta do rio Parnaíba
ESTADO GERAL DA TURMA: exaustão absoluta, depois de cinco horas e meia de viagem e cochilos impossibilitados pela sensação de estarmos em um freezer (ônibus com ar condicionado quebrado e ligado, temperatura próxima a uns 10 graus centígrados; depois que o ar foi desligado, calor de matar)

PROBLEMA A SER RESOLVIDO: encontrar o Hotel Amarração, na orla.

Depois de uma primeira tentativa fracassada, em que supúnhamos não ser capazer de achar o hotel porque estávamos todos tontos de sono, resolvemos pedir informação a um tiozinho que vinha devagar e sempre com o seu jeguinho.


DIÁLOGO:
Motorista do ônibus: - Ô, tio! bom dia!!!!! O senhor sabe onde fica o Hotel Amarração?
Tiozinho (ativando sua máquina de filosofar): - Pois vocês já foram pra lá, não é?

Motorista: - Sim, mas não encontramos o hotel...

Tiozinho (perplexo): Pois se não é pra lá..., só pode ser pra cá!!!!!

Lógica cristalina, não é????

EM TEMPO: o hotel era PRA LÁ mesmo, só que não ficava exatamente na orla, mas dobrando uma esquina... E o passeio ao Piauí foi ótimo, Teresina é uma bela cidade, o litoral piauiense é muito bonito e o Delta do Parnaíba (onde giramos de barco durante umas sete horas) é um passeio para ficar gravado nas nossas retinas. Voltei feliz, cheia de fotos, filminhos e...boas memórias!

Sphere: Related Content

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Pequenas loucuras cotidianas

pao frances Não sei se acontece com vocês, mas eu sou uma pessoa atormentada pela necessidade de ENTENDER o que acontece ao meu redor. As coisas precisam ter alguma boa razão para acontecerem, certo? Errado!

Na minha casa, como seria de se imaginar, temos uma rotina para o café da manhã: todos os dias a D. Amanda compra um pão francês. Para mim. (Quando eu tiver tempo, e paciência, posso explicar por que essa criatura resolveu parar completamente de ingerir qualquer alimento dentro da nossa casa.) Já que ela não come nada, um pão basta.

Às sextas-feiras, porém, ela compra dois pães. Eu continuo sendo a única pessoa a comer o pão pela manhã e, até onde eu saiba, não temos nenhum outro habitante da casa que apareça aqui às sextas-feiras para comer esse pãozinho.

Para quem é o segundo pão das sextas-feiras? Quando foi que essa loucura específica teve início? E, antes que vocês sugiram o óbvio, não, não resolveria perguntar, porque louco não tem boas explicações para nada do que faz. Faz porque é louco. E, se há algo que nós sabemos faz tempo, é que D. Amanda é louca. Mesmo.

Sphere: Related Content

Estou pensando em ir dormir fora…

Peanuts_That dog is going to drive me crazy

Noite de tempestade em Campinas. Muita chuva, raios e trovões. Resultado: cachorro apavorado. E eu, mais uma vez, sem dormir. A festa começou por volta da 1h da madrugada, quando a chuva aumentou e, ao longe, podiam ser ouvidos os trovões. Quando me convenci de que não ia adiantar brigar com o Nicolau, porque ele ia continuar batendo na porta da cozinha desesperadamente, resolvi sentar na sala, lendo um livro, enquanto esperava a barulheira diminuir.

Uma hora e meia depois, achei que a coisa tinha melhorado bastante. Acordei o Nicolau e consegui, a muito custo, “convencê-lo” a voltar para a cozinha. Naquela altura, mais de 2h30, eu me perguntava se teria ânimo para acordar às 6h e ir nadar.

Tola, eu achei que a tempestade tinha acabado. Claro que eu estava errada. Por volta das 3h20, mais raios e trovões, mais bateção na porta, mais desespero, lá vamos nós de volta para a sala. O segundo turno da barulheira foi mais demorado e terminou por volta das 5h da manhã. Na hora de “guardar” o Nick, ainda tive de enfrentar rosnados. Confesso que, naquela hora da madrugada e tendo dormido no máximo umas 2 horas, minha vontade foi de brigar muito com ele. Briquei só um pouco. Como convém a uma Diva.

Voltei para cama e decidi que não teria forças para nadar depois de passar a noite em claro. Desliguei o meu despertador, para ver se conseguia dormir pelo menos até as 9h. Calculei que, se dormisse umas 4 horas seguidas, seria possível enfrentar o dia de trabalho.

Só que, na minha casa, além do Nicolau existe a D. Amanda. Que é surda. E louca. E como é surda e louca, resolveu lavar o banheiro do quarto da minha irmã às 7h da manhã!!!! Que tal? Juro que, quando comecei a ouvir o barulho da limpeza, tive vontade de chorar. De ódio.

Não me restou mais nada a fazer a não ser levantar, lavar o rosto, escovar os dentes e, agora, sentar aqui na frente desse monitor para enfrentar meu dia de trabalho e com uma dorzinha de cabeça canalha, que sempre me acomete depois de uma noite insone.

Talvez a solução seja eu me mudar e deixar o apartamento para os dois. Assim, um faz o escarcéu à noite e, a outra, a barulheira de dia.

Sphere: Related Content

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Really?

 

Agnes_Evolution of your consciousness

WOW!

Em vista dos últimos acontecimentos, posso garantir que meu autoconhecimento anda envoluindo a passos largos…

 

Sphere: Related Content

Nota de esclarecimento

Acho que estamos devendo uma explicação aos nossos Mean Readers. Como vocês devem ter notado, fomos surpreendidas pela morte de pessoas queridas em um curto espaço de tempo. E, como esse blog tem muito de familiar, já que a maior parte dos posts são escritos por três irmãs, acabou sendo inevitável expor, aqui, um pouco da nossa tristeza e do nosso sofrimento.

Ontem, depois de escrever sobre a perda do nosso professor de violão, fiquei me perguntando se, de repente, o Mean Divas não estava se transformando em uma seção de obituários. Terrível, essa sensação, claro, e plenamente motivada pelo fato de termos tido três perdas muito significativas nos últimos 3 meses. (A média da morte de uma pessoa muito próxima por mês é assustadora, vocês não acham?)

Depois de pensar no assunto, cheguei à conclusão exposta no início desse post: teria sido impossível não falar sobre essas pessoas. Mas, continuo achando que devíamos essa explicação aos leitores eventuais que passam pelo Mean Divas e ficam se perguntando por que um blog de humor (essa é a nossa definição “oficial”) fala tanto sobre morte.

Não, não somos divas mórbidas (o fundo preto está aqui somente porque achamos elegante e clean), apenas estamos atravessando um ano terrível.

Peço desculpas, portanto, pelo tom melancólico de alguns dos nossos posts, mas prometo que, dentro de instantes, voltaremos ao nosso saudável sarcasmo habitual.

Sphere: Related Content

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O silêncio dos violões

Não fui uma criança de muitos desejos. Claro, como todo mundo, de vez em quando eu queria ganhar alguma coisa especial – geralmente um conjunto de panelinhas para as muitas brincadeiras de cozinhadinho no quintal de casa (acho que esgotei, na infância, minha vocação para a culinária…), mas essas vontades eram quase sempre satisfeitas dentro de algum tempo.

Eu me lembro, porém, de ter, muito cedo, um imenso desejo de aprender a tocar violão. Como sou sete anos mais nova do que minha irmã mais próxima, desde muito pequena eu assisitia às aulas de violão que ela tinha lá em casa. E morria de vontade de aprender também.

O maior obstáculo, evidentemente, era o meu tamanho. Precisava crescer o suficiente para “abraçar” o violão com a mão direita. O braço esquerdo precisava ser longo o bastante para alcançar a extremidade do braço do instrumento e montar os acordes. Tive, portanto, que esperar. E, na minha perspectiva infantil, essa foi uma espera longa e interminável.

Um dia, porém, chegou a minha vez de sentar no sofá da sala de televisão, com o violão no colo, e receber as primeiras instruções do mestre Maurício de Oliveira. Com infinita paciência ele me ajudou a juntar os 3 dedinhos da mão direita e me ensinou a tocar o primeiro tipo de acompanhamento que se aprende: zum-pa-pa-zum-pa-pa-zum… uma valsinha. Passei algum tempo treinando, com a mão direita, a alternar entre o toque do polegar, na segunda corda de cima, e dos três dedos juntos, nas cordas de baixo.

Quando demonstrei algum controle sobre o ritmo, o professor passou à lição mais difícil: os dois acordes que “comporiam” a primeira música a ser tocada. Com um enorme esforço para os meus dedos pequenos, apertei as cordas do lado esquerdo para formar o Lá maior e o Mi maior. Doía, mas isso não era o suficiente para conter a minha vontade de aprender. Demorou um pouco, mas a persistência trouxe consigo a devida recompensa: dentro de algum tempo eu conseguia trocar de um acorde para o outro na mão esquerda, enquanto, com a direita, mantinha o ritmo da valsinha: zum-pa-pa-zum-pa-pa-zum…

Por fim, o último elemento precisava ser integrado: a voz. Afinadinha, comecei a cantar: Serenô, eu caio, eu caio. Serenô, deixai cair. Serenô da madrugada não deixou meu bem dormir. E assim, ao final de uma aula, comecei a tocar violão. A alegria foi indescritível. De repente eu também comecei a fazer algo que minhas irmãs maiores também faziam (muito melhor do que eu, mas isso não importava). Começamos, em família, a tocar juntas algumas músicas mais simples. A cantoria era animada. Meu pai sempre entrava fazendo a segunda voz.

As aulas continuaram. E a disciplina aprendida com o violão é algo que até hoje me acompanha. Quando se tem 6 ou 7 anos e se aprende a passar algumas horas treinando escalas para garantir que os dedos tenham a agilidade necessária para produzir os sons, fica bem mais fácil lidar com outras muitas circunstâncias da vida que exigem dedicação, paciência e concentração.

Aos poucos, Maurício começou a me introduzir ao violão clássico. Ainda antes de aprender a ler notação musical, eu já tinha um caderno pautado em que ele desenhava os acordes necessários para que eu conquistasse o meu segundo grande feito musical: solar o “Romance de Amor”. Quando isso aconteceu, mais uma emoção imensa, porque, na companhia da minha irmã, era possível tocar uma música belíssima em duas vozes.

As lembranças de Maurício são muitas, todas felizes ou peculiares. Lembro, por exemplo, de que ele sempre se vestia de branco. Anos mais tarde, lendo os famosos versos de Drummond – Ele ia de branco pela rua cinzenta – pensei imediatamente: como Maurício. Era uma tolice em relação ao poema, claro, mas a roupa branca era um traço do mestre.

Lembro das muitas vezes em que, diante de uma nova partitura e ainda meio insegura na leitura da duração das pausas e notas, eu dava um jeito de fazer com que ele tocasse primeiro para eu ouvir. Como sempre tive um ouvido muito bom para música, quando chegava a minha vez, eu tentava reproduzir a duração correta, a partir do que havia ouvido. Ele sabia que era isso que eu estava fazendo e comentava: é para você ler a partitura, não para tocar de ouvido!

Lembro das tardes de sábado, quando um grupo dos alunos de Maurício se reunia para ensaiar. Éramos umas sete pessoas, de idades e habilidades com o violão muito variadas. Todos nós, porém, tínhamos a responsabilidade de solar uma música. A minha era a Serenata, de Schubert. É difícil descrever a alegria e o prazer de ouvir, saindo dos meus dedos e com o acompanhamento de todos os outros violões, uma música tão bela.

As lembranças são muitas. Provavelmente muito semelhantes às de tantos outros alunos que Maurício ensinou a tocar violão. Como eles, desde ontem à tarde, perdi um mestre.

Hoje, os violões capixabas estão em silêncio. Mas a música de Maurício vai permanecer viva nos muitos violonistas que ele formou.

Fica aqui registrado o meu adeus ao mestre, com carinho.

Sphere: Related Content