quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Adeus a um amigo querido

Dizer adeus é sempre muito difícil. Quando a despedida é definitiva, o sofrimento é ainda maior. Hoje nos despedimos do Pompom. Nos últimos quinze anos ele esteve ao lado da minha mãe (era para ela aquele olhar de adoração da foto). A devoção era tão grande que nós, as filhas, nos conformávamos com o segundo lugar e sabíamos que ele era alguém muito importante na nossa família. Uma espécie de irmão caçula, que disputava (e ganhava sempre!) a atenção daquela pessoa adorada.
Se minha mãe adoecia, Pompom não saída do seu lado e qualquer uma de nós tinha de enfrentar a ira do cãozinho para chegar perto dela. E o tamanho não importava muito, porque sobrava valentia naquela bolinha de pêlos. Com a companhia dele mamãe enfrentou a doença e a morte do meu pai. Anos mais tarde, foi com a ajuda dele que ela se recuperou da tristeza imensa pela morte do meu irmão.
A
gora é a nossa vez de chorar a partida do Pompom, que dedicou sua existência a fazer minha mãe feliz. Eu sinto muito, nessa hora, porque sei que não posso dizer o mesmo. A gente cresce, tem que cuidar da própria vida, enfrentar milhões de problemas, assumir as responsabilidades da profissão, e nossos pais, no momento em que mais precisam de nós, acabam disputando um espaço com todas essas outras mil coisas tão menos importantes e que consomem nossos dias. Sempre me consolou saber que, mesmo eu estando longe, minha mãe não estava sozinha, ela tinha a companhia fiel de um cãozinho que a adorava. Sim, o Pompom era um cachorro, mas vivia para ela. E eu não podia fazer o mesmo.
Para muitos, pode parecer exagerado o sofrimento pela morte de um animal. Quem convive com eles, porém, sabe a diferença que fazem na nossa vida. Um cão de estimação é um amigo. E um amigo que não te abandona jamais, que gosta de você, não importa o que aconteça, que te suporta nos momentos de irritação, que te faz companhia nos momentos de solidão, que te consola nos momentos de tristeza e, mais ainda, que comemora com você os momentos felizes. Quantas pessoas assim nós encontramos ao longo da vida? Pois é...

Por tudo isso eu sinto muitíssimo a morte do Pompom. Sei que as minhas irmãs também estão tristes demais. Ele me atacou muitas vezes, chegou até a me morder quando fui pegar um novelo de lã da minha mãe que rolara para baixo de uma cadeira. Até dessa ranzinzice e obsessão eu vou sentir falta. Só espero, mesmo de longe, poder ajudar minha mãe a superar mais essa perda. Ajudá-la, principalmente, a transformar em alegria as muitas lembranças dos quinze anos que passaram juntos. Hoje elas ainda são a marca da grande saudade que vai permanecer conosco.
Adeus, Pompom!

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4 comentários:

DIVA Sen disse...

Belíssimas palavras, Flower.

Unknown disse...

É.. eu também gostava um bocado daquela bola de pelos ranzinza...

Belas palavras. Vou ler para mamãe hoje.

Berná disse...

Posso assinar embaixo, Flower???
Não há o que acrescentar ao que você disse. Fiquei comovida com as suas palavras...
Fiqeui lembrando muito do dia em que a bolinha de pelos chegou lá em casa, em 1993, e eu sugeri que passasse a se chamar Pompom.... Seria muito merecido!!!
Acho que poderíamos organizar um memorial service para o Pomps

Unknown disse...

Ele já foi para ser enterrado lá no arca de noé... como o wiskey.