Conversa inteligente

Ontem, entre o estacionamento do shopping e a praça de alimentação, fiquei "presa" atrás de um grupo de 4 mulheres e 2 homens. Eu sempre me irrito um pouco com essas pessoas que bloqueiam completamente as passagens e corredores, como se estivessem ainda no jardim de infância brincando de "corrente-que-pega-gente". Aflitivo!

Como estava atrás do grupo, foi inevitável ouvir a conversa das pessoas. O que diziam era mais ou menos o seguinte:

Mulher 1: Meu marido é um horror. Ele só quer assisitir esses programas do Discovery. Sabe aquela coisa do protozoário encontrado no cocô do elefante?

Mulher 2: Nossa, é isso mesmo! Lá em casa é igual.

Homem 1: Vocês só querem ir pra Índia.

Mulher 1: É "Caminho da Índia".

Homem 2: Só querem saber do Bahuan...

Enquanto ouvia essas baboseiras, fiquei pensando que realmente é impossível esperar algum tipo de diálogo inteligente entre pessoas assim. A distância entre o "protozoário do cocô do elefante" e a novela é gigantesca. O mais triste é que as moças pareciam perfeitamente satisfeitas em se conformarem ao perfil da mulher burra, fútil, que só assiste às novelas da Globo.

À noite, lendo umas poesias do Auden, tropecei num verso de um poema escrito em homenagem a W. B. Yeats que reflete bem o drama de que o diálogo acima é um sintoma:

"Intellectual disgrace / Stares from every human face"...

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