Agora não vai mais ser possível experimentar o estranhamento tão bem-vindo diante de grafias distintas do português, de que fala o Mia Couto, na entrevista de que transcrevo um texto a seguir. Que pena, não é mesmo???
Às vezes a gente tem a certeza de que certas pessoas não têm mesmo o que fazer, ora pois pois...
Quando é que vamos deixar de lado essa mania de unificar ortografias???
RLP: Como o acordo de unificação ortográfica é visto em Moçambique?
MC: De uma maneira muito displicente. Percebe-se que não é isso que falta, nem que vá resultar grande coisa. É como se fosse uma questão só de Portugal e Brasil. Meus livros são publicados no Brasil com grafia moçambicana, que é portuguesa, e ninguém me disse que ficou muito atrapalhado com isso. Leio com enorme prazer os livros brasileiros e um dos prazeres é o fato de vocês terem uma grafia distinta. A existência dela não é problema, pois sentir certa falta de familiaridade mostra que ali está um outro povo, uma outra cultura falando.
Mia Couto: A voz de Moçambique
Entrevista concedida a Luiz Costa Pereira Júnior.
Revista Língua Portuguesa, ano III, no. 33, pp. 12-16
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2 comentários:
KUDOS para Mia.
Agora toca a gente se unificar direitinho, né?...
É... todas as pessoas que tem senso, tem a mesma opinião. Não importa se escritores de lá, de cá, de Moçambique ou do raios que o parta onde se fale português.
Que acordo esdrúxulo!
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