A não notícia

Vou voltar a implicar com uma chamada da home do UOL. É essa aí embaixo (notícia completa aqui):



Por que diabos o fato de a Secretaria de Educação de SP comprar livros para as escolas públicas mereceria uma chamada assim?
Talvez minha leitura do UOL e de tudo que diga respeito ao grupo Folha da Manhã seja tendenciosa. Por experiência pessoal sei que a chamada "isenção" dos repórteres é discurso vazio e furado, e os do UOL e da Folha não são diferentes.
No caso do UOL, porém, acho imperdoável o desejo de sempre sugerir que há algo polêmico, inadequado, comprometedor, que precisa ser trazido a público.
Senão, vejamos: a notícia informa que a Secretaria de Educação montou um acervo para cumprir diferentes finalidades (auxílio ao currículo escolar, gestão e avaliação, despertar o interesse pela leitura).
Além dos livros da série Harry Potter e Crepúsculo, serão adquiridas obras de Jorge Amado (Capitães da areia), José Saramago (Ensaio sobre a cegueira), Manuel Bandeira (Nova antologia poética) e por aí vai. Todos títulos literariamente consagrados e devidamente aprovados.
Ou seja, não há absolutamente nada de extraordinário na lista de livros que serão enviados às bibliotecas das escolas públicas.
Por que, então, a chamada destaca o fato de os livros da série Harry Potter fazerem parte dessa lista?
Para deixar no ar a sugestão de que o dinheiro público está sendo mal utilizado. Para levar os conservadores de plantão a protestarem contra o "lixo" que será oferecido aos alunos das escolas públicas. Para despertar a ira dos evangélicos, que não aprovam a leitura de livros sobre magia ou vampiros.
Todas essas razões me parecem explicações plausíveis para a chamada escolhida.
Duvido muito que o objetivo tenha sido levar os paulistas a concluírem que finalmente alguém resolveu garantir (finalmente!!!) que estejam disponíveis, nas bibliotecas públicas, os livros que os jovens e adolescentes desejam ler.