O que eu fiz para merecer isso???

A vida de um autor não é fácil. Os prazos são cada vez mais curtos, o trabalho cada vez maior. O pior é que, por mais que você faça tudo direitinho, ainda corre o risco de ver seu trabalho ridicularizado pela ação deletéria de alguém que se imagina artista e que deveria figurar na galeria de honra da jecância absoluta.
Como se não bastasse a enorme lista de trabalho acumulado e dos prazos vencidos, eu tenho sido obrigada a enfrentar, capítulo após capítulo, o sofrimento de ver imagens como as que seguem "ilustrando" o que escrevo ou o que cito. Ninguém merece uma coisa dessas!!! Para acompanhar uma quadra escolhida simplesmente para exemplificar o que são rimas misturadas, o "artista" criou a seguinte maravilha:


Por que ele decidiu pendurar um coração em uma planta, perguntam-se vocês. A resposta é evidente: porque o poema falava da "flor do coração". Não é sublime?
Querem algo mais brega ainda? Eu tenho! Ao lado de um belíssimo soneto de Pablo Neruda, intitulado "Quando eu morrer", o gênio colocou a seguinte imagem:


Digna de cartão especial para o dia dos namorados, não é mesmo?
Não preciso nem dizer que já mandei eliminar todos esses monumentos à jecância e à breguice. O problema, me explica a editora executiva, é que, em algumas páginas, a ilustração está garantindo o fechamento. Pediu permissão para manter, somente nesses casos, as imagens que eu havia pedido para tirar. Concordei com a condição de ver primeiro quais são as imagens.
Segunda-feira, entre milhões de outras coisas que terei de fazer em SP, vou enfrentar essa prova de fé. Será que o meu santo é forte e o que ela deseja manter é menos medonho do que os exemplos acima?
Rezem por mim!