segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Um mamão é só um mamão???

Por razões profissionais, ando mergulhada na literatura africana de língua portuguesa. Hoje "tropecei" no seguinte poema:
O mamão
Frágil vagina semeada

pronta, útil, semanal

Nela se alargam as sedes


no meio

cresce
,
insondável
o vazio...


(Paula Tavares - Luanda, 1984)

Gente! Será que não dá para os poetas conterem um pouquinho a força simbólica de tudo que vêem à sua volta?
Ainda bem que não como mamão. Depois desse poema, certamente não vou mais conseguir olhar para eles da mesma maneira...
PTL!!!

7 comentários:

  1. Eehhe, Tá vendo, tá vendo ??

    Taí porque nunca comi mamão, sempre DETESTEI!

    Credo...

    ResponderExcluir
  2. OML... e o que fazemos, pobres de nós que... well... melhor nem falar!!!

    ResponderExcluir
  3. Olá, pípou! Isso é liberdade poética! Cada um vê o que quer na fruta que quiser, não?

    ResponderExcluir
  4. Sem dúvida. Mas comer mamão depois de toda essa liberdade poética fica um tanto mais esquisito, não é mesmo?

    ResponderExcluir
  5. Sem dúvida!
    Mas tem gente que gosta, né?
    Fazer o quê! Talvez seja melhor evitar ler poesia moderna, ficar só nos clássicos que falavam em pombas despertadas, essas coisas...

    ResponderExcluir
  6. Minha opção quanto à mamão já tá feita desde sempre! ;)

    Mas concordo com o Anônimo acima que o que "é de gosto, regalo da vida!"

    ResponderExcluir
  7. Well, well, well... there we go again. Até gosto de uma boa polêmica, mas não a ponto de defender "pombas despertadas", que de líricas não têm nada! As pobres pombas do Raimundo de Oliveira, parnasiano até a última raiz dos cabelos, são, aliás, exemplo de processo semelhante ao adotado pela Paula Tavares. No clássico soneto, representam os sonhos.
    O mais engraçado é que a brincadeira que fiz com a poeta angolanda deu a entender que, em matéria de poesia, tenho um gosto conservador ou clássico.
    Na verdade, tenho um gosto muito eclético. Adoro, por exemplo, Bandeira, que fez um verso comparando uma maçã a um seio murcho; ou Adélia Prado, que teve a coragem de proclamar, em um verso, "cu é lindo".
    Por uma questão de gosto, não sairia por aí declamando nenhum dos dois verso, mas isso não me torna mais conservadora.
    A minha maior liberdade, porém, é declarar que, em matéria de frutas, gosto de mamão, mas não a ponto de comer!!! ;)

    ResponderExcluir